Cidades turísticas, como Paris, Londres e Nova York, têm calçadas práticas, de fácil manutenção e adequadas aos tempos modernos. Nem por isso, os passeios deixam de ser atraentes. É o que mostra reportagem de Fernando Duarte e Marília Martins na edição desta segunda em O GLOBO. Nessas cidades, os materiais mais usados são blocos de granito e cimento. Os arquitetos Paulo Casé e Augusto Ivan lembram que, na Champs-Elysées, uma das vias mais imponentes de Paris, foram colocadas grossas placas de granito, de cerca de sete centímetros de espessura. Uma opção diferente das pedras portuguesas, adotadas na também européia Lisboa:
Em Nova York, 90% das calçadas da Ilha de Manhattan são de placas de cimento, simples e de manutenção barata. As obras para corrigir imperfeições nos pisos são de responsabilidade da prefeitura. Uma lei municipal, porém, exige que lojas e prédios residenciais cuidem da limpeza da área em frente ao imóvel.
A importância dos pedestres é tão grande em Nova York que o prefeito Michael Bloomberg inicia, em maio, um de seus projetos mais ambiciosos: o aumento das calçadas da Times Square e o fechamento da Avenida Broadway, entre as ruas 47 e 42, para o trânsito de veículos. O projeto visa a transformar a Times Square numa grande área de passeio. A ampliação das calçadas deixará a famosa praça, no centro de Manhattan, cheia de mesinhas de bar, pequenas lojas e guichês para venda de ingressos de teatro.
Calçadas em placas de granito são as mais usadas em Londres. E, se não são um paraíso para quem vive na cidade - pois há, desde multidões e ciclistas apressadinhos a muitas obras para reparar encanamentos do século XIX - os pisos da capital da Inglaterra não representam perigo para os tornozelos de quem por eles caminha. E a prefeitura já está estudando um sistema revolucionário para algumas regiões.
Arquitetos sugerem outros materiais, práticos e bonitos
A polêmica sobre a funcionalidade e as dificuldades de manutenção das calçadas em pedras portuguesas mostrada domingo pelo GLOBO abriu a discussão sobre o uso de materiais alternativos, que aliam praticidade e beleza. A convite do jornal, escritórios de arquitetura com experiência em obras públicas apontaram opções que poderiam ser adotadas em ruas do Rio. Piso intertravado (peças encaixadas), placas de granito ou cerâmica, cimento e bloquetes de concreto foram apontados como alguns dos materiais que poderiam ser empregados nos passeios cariocas. Esses revestimentos já foram usados em alguns locais da cidade.
Arquiteto responsável pelos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Rocinha e do Rio Cidade no Méier e em Irajá, Luiz Carlos Toledo, do escritório M&T Mayerhofer e Toledo, diz que é possível substituir a pedra portuguesa sem abrir mão da beleza. Em uma de suas propostas, as placas de concreto ganham colorido graças à mistura de corantes (pó chinês) ao cimento. Para dar ainda mais vida, ele sugere a colocação de lajotas de pedra Miracema. Toledo lembra as dificuldades enfrentadas por deficientes, grávidas e idosos para caminharem sobre pisos desnivelados ou com pedras portuguesas soltas:
Alder Catunda - do escritório Archi 5 Arquitetos Associados, autor dos projetos Rio Cidade de Vila Isabel e da Glória - sugere transformar as pedrinhas em coadjuvantes. No desenho que apresentou, elas formam apenas um mosaico. O restante da calçada é feito com materiais de manutenção mais fácil, como tijolos intertravados e concreto. Colaboraram: Jacqueline Costa, Luiz Ernesto Magalhães e Selma Schmidt.
