Obras municipais aquecem mercado de intertravados

Diário do Comércio

As intervenções do Programa Centro Vivo - conjunto de obras da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) que visa recuperar a área central da Capital - já consumiram cerca de R$ 24 milhões. Estão em andamento os trabalhos de requalificação da rua Rio de Janeiro, orçada em R$ 1,7 milhão, e a reforma da praça Raul Soares, com recursos da ordem de R$ 2,113 milhões.

Se por um lado a cidade passa por um processo de reformulação das ruas e avenidas, por outro esses investimentos movimentam alguns setores da economia, como o mercado de pavimento intertravado, que somente nas obras da rua Rio de Janeiro registrou a instalação de mais de 900 metros quadrados do piso. Levando em consideração que o preço do metro quadrado instalado de um modelo específico do pavimento custa, em média, R$ 30, foram gastos nesta obra cerca de R$ 27 mil.

Segundo o gerente da regional Minas Gerais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Lincoln Raydan, este segmento de artefatos de cimento vem apresentando crescimento desde 2003, quando a PBH passou a adotar este tipo de piso nas obras de revitalização, através do Programa Centro Vivo. O mercado de pavimento intertravado tem apresentado elevação de 30% ao ano, mas a tendência é de que haja alta neste índice, em decorrência do aumento da utilização do pavimento em um maior número de empreendimentos, adiantou.

De acordo com Raydan, os órgão públicos estão percebendo as vantagens de utilizar este tipo de calçamento. Esta qualidade de piso apresenta um somatório de vantagens em relação a outros pavimentos. Sem contar o apelo estético, arquitetônico e a questão técnico-econômica que é muito favorecida, explicou.

Revitalização - Segundo a Secretaria Municipal de Políticas Urbanas (Smurbe), as obras realizadas na Praça Sete, rua dos Caetés e Carijós, BH Tec, Parque Ecológico da Pampulha, Avenida Vilarinho e, mais recentemente, a praça Raul Soares receberam mais de 23,5 mil metros quadrados de pavimentação intertravada. De acordo com a ABCP, visando garantir melhorias em outros pontos da cidade, está planejada, para o futuro, a intervenção na calçada em frente à igreja Nossa Senhora do Carmo (região Centro-Sul da Capital) com este piso.

O intertravado é consagrado mundialmente. No país, o produto está no mercado há mais de 20 anos, com uma cultura de utilização maior no Sul do país. Hoje, é um produto nacional de larga utilização no país. Só no condomínio Vale dos Cristais, foram utilizados 96 mil metros quadrados de intertravado na pavimentação de vias, praças e passeios. Outro condomínio onde é muito utilizado é no Alphavile Lagoa dos Ingleses, devido ao forte apelo ecológico, explicou.

Segundo Raydan, ainda não tem como certa a informação, mas garante que existem grandes chances do Centro Administrativo do Estado - obra orçada em R$ 880 milhões que visa agilizar a administração direta do Estado - utilizar este material em sua criação. Cidades como Uberlândia (Triângulo Mineiro), Montes Claros (Norte de Minas) e Juiz de Fora (Zona da Mata) já utilizam o intertravado, que demanda baixa manutenção, oferece maior durabilidade e não necessita de mão-de-obra especializada para aplicação, destacou.

A ABCP foi fundada em 1936 com o objetivo de promover estudos sobre o cimento e seu uso. A organização é mantida por toda a indústria cimenteira do país, que possui 57 unidades fabris distribuídas entre 10 grupos industriais (Votorantim, João Santos, Cimpor, Holcim, Soeicom Cimento e Participações, Itambé, Ciplan e as mineiras Holcim, Lafarge e Camargo Correa).

RODRIGO MOINHOS
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